terça-feira, 6 de novembro de 2012

Consumidos pelo "E se?"



Só queria achar um modo de consertar as coisas. Queria que um simples SMS pudesse restaurar tudo de bom que já houve um dia, mas infelizmente, a tecnologia não alcançou esse patamar de sucesso.  A gente tenta. É claro que a gente tenta. Mas são tarefas tão árduas, tão consumidoras, sugadoras de alma. Ninguém quer ser infeliz, com exceção dos poetas que insistem em ter uma visão desapaixonada desse mundo e dos outros. Mesmo assim não tenho direito de falar, porque assim também vejo as coisas. Tudo, absolutamente tudo, tem sempre tendência a desmoronar. E sabe o que podemos fazer em relação a isso? Nada. E é esse vazio de nada, que cada vez mais toma conta de todo e qualquer ser humano que não procura aquilo que preenche e edifica. Assim são as coisas. Continuamos porque somos humanos: Estúpidos. Não sei até que ponto vale a pena levar isso adiante. Mas então, descobrimos a origem. Destroce, amasse, torture, esfole, desosse e desmonte, derreta, encurta e destrua cada parte sua que ainda sente. Siga as instruções corretamente e seja bem-vindo a nave da humanidade. 

Mrs Winter, In: E se?.

domingo, 4 de novembro de 2012

O ato de confissão



É um frio lá fora, e parece que só eu sinto. Pensei que ainda havia chances de resgatar resquícios dos meus sinais vitais, mas agora já não tenho tanta certeza. Na hora, me pareceu a coisa certa, hoje eu já não sei mais. Como pode perceber, não sei  de quase nada. E bem, a culpa deve ser minha se nada mais me interessa. Eu continuo voltando pra casa sozinha. Eu continuo errando pra caralho. E deixando escorrer pelas mãos quem eu desejava que ficasse. De qualquer maneira, as coisas são complicadas. Talvez eu ande meio perdida, não sei. Eu me enganei em absolutamente todos os sentidos. Pensei que era um principio de liberdade, e me afoguei. Trancafiei-me em meu mundo, aguardando o momento certo pra ser feliz, mas esse momento nunca vem. Queria guardar todas as emoções para serem sentidas nesse exato momento, e agora, nem sei mais o que é sentir. Acho que ainda sei sorrir, mas honestamente, há muito tempo não sei o que é ser feliz.

Mrs Winter, In: Confissão.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Abismos


É ali que me encontro. Perdida numa brecha do tempo, sozinha. Sem palavras, sem gatilhos. Sem mansidão ou fúria. Passo os dedos pela poeira e com o pó restauro minha alma. Minha imensidão de palavras quebradas. Lá fora o tempo continua passando, e eu continuo, literalmente, viajando no tempo. Algumas cicatrizes explodem, caóticas, girando em espiral e me deixando psicodélica por uma fração de segundos até partirem para o mausoléu de onde vieram. É uma experiência inconsciente, então, a razão sussurra em meus ouvidos que não é real, e eu desacredito. Desacredito porque já sou desacreditada de tudo, nem os meus termos oblíquos me salvam disso. Todos nós precisamos de motivos, ao menos razões para continuar aqui. Mas isso tudo é uma distopia, e a maioria é apenas fantoche. Não adianta discutir porque não vale a pena. Quer, vai lá e faz. Não existe nada que impeça. E todas essas especulações, gentilezas e promessas não passam de meras mentiras. Afinal de contas, todo mentiroso vive as custas de quem lhe dá ouvidos. E um viva aos fantoches! Ser um peixe fora do cardume é quase um sacrifício, mas saber que é diferente é um alívio. A regra fatal da ditadura da felicidade é que as pessoas andem em grupos. Não é lindo ver um peixe nadando sozinho? Somos todos vitimas de desastres ocasionalmente denominados naturais. Mas até que ponto vale a pena levar isso adiante? No final, você colide com sua própria barreira de caráter. O que resta descobrir?

Mrs Winter, In: Abismos.